Membro de igreja foi autuado por desacato ao ofender policial militar

No dia em que deveria ter se apresentado ao 1º Juizado Especial Criminal (Jecrim) para responder pelo crime de ultraje a culto religioso — por ter invadido e depredado um centro de umbanda no Catete, em junho do ano passado — Afonso Henrique Alves Lobato, de 25 anos, foi preso por desacato e resistência. Seguidor da Igreja Geração Jesus Cristo, o rapaz chegou ao Jecrim no último dia 5 de março trajando camiseta. Ao ser alertado por um PM de que não poderia ingressar no juizado vestido daquela forma, Afonso teria continuado a entrar no local. Ele foi preso, algemado e levado para a 10ª DP (Botafogo).

Afonso Lobato: problema na Justiça. Foto de divulgaçãoA confusão consta do registro 1529 da delegacia. Mas o tumulto não adiantou nada: Afonso e as outras três pessoas que invadiram o templo foram condenados apenas a pagar cestas básicas.

As declarações de Afonso contra pais de santo, policiais e a imprensa feitas num vídeo postado na internet podem lhe custar caro. Henrique Sátiro, conhecido como pai Henrique de Oxossi, pretende processar o evangélico por ele ter dito que "todo pai de santo é homossexual":

— Não vou ficar deixando esse fanáticos falarem o que bem entendem da minha religião sem fazer nada. Ele afrontou toda a comunidade religiosa e suas instituições.

Processos à vista

Pelo menos outros cinco religiosos já procuraram a Comissão de Combate à Intolerância Religiosa e querem saber como proceder para processar Afonso.

Centro de umbanda atacado no Catete. Foto: Fernando Quevedo / O Globo



A delegada Helen Sardenberg, da Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI), deve abrir hoje inquérito contra Afonso Henrique para apurar se no vídeo houve a prática dos crimes de intolerância religiosa, injúria qualificada e incitação ao crime. A investigação será aberta por determinação do delegado Henrique Pessoa, do Departamento de Polícia da Capital (DPC).


Inquérito vai apurar crimes em vídeo de evangélico na internet

A Polícia Civil vai instaurar inquérito contra Afonso Henrique Alves Lobato, de 25 anos, para investigar a prática dos crimes de intolerância religiosa, injúria qualificada e incitação ao crime. Seguidor da igreja Geração Jesus Cristo, ele postou em março deste ano, no YouTube (página de vídeos gratuitos na internet), um vídeo em que faz afirmações como “centro espírita é lugar de invocação do diabo”; “todo pai de santo é homossexual”; “a Bíblia diz que (...) a adoração por imagens e esculturas é abominação, então eu repudio aquelas imagens também”.

Afonso participou de invasão a centro espírita no Catete. - Foto: Fernando Quevedo/02.06.2008

Afonso foi preso em 2 de junho do ano passado, com outros três seguidores da mesma igreja, após invadir e depredar o Centro Espírita Cruz Oxalá, no Catete. Na ocasião, cerca de 50 imagens de santos foram quebradas.

Se condenado, Afonso pode pegar até cinco anos de prisão por intolerância religiosa

Pastor defende atitude de Afonso


Enviado por Sergio Meirelles -
18.6.2009
| 1h15m

Pastor defende fiel que atacou centro espírita

O pastor Tupirani da Hora Lores, da Igreja Geração de Jesus Cristo. Foto: Gustavo Azeredo / Extra

Assista ao vídeo

O pastor Tupirani da Hora Lores, de 43 anos, líder da Igreja Geração de Jesus Cristo, no Morro do Pinto, aprovou a idéia de Afonso Henrique Alves Lobato, um dos seus seguidores, que postou na internet um vídeo ofensivo contra as religiões afros, os pais-de-santo e a polícia. Nesta quarta-feira, em sua igreja, o pastor disse que não reconhece a lei dos homens e que a única lei que obedece é a Bíblia. Mas, o líder religioso se contradiz quando defende o direito à liberdade de expressão prevista na nossa Constituição.

— Apoio a decisão dele (Afonso Henrique). A liberdade de expressão é um direito de todos. Não sou a favor das leis feitas no Congresso. Lei é a Bíblia. Ela eu defendo com unhas e dentes — enfatizou o pastor.

Tupirani sabia desde março, quando o vídeo foi colocado na internet, que Afonso Henrique iria fazer um ataque às polícias e às religiões afros. Na ocasião, o pastor apenas alertou Afonso Henrique das consequências que poderiam surgir com a divulgação do vídeo:

— Eu perguntei ao Afonso Henrique: É isso que você vai colocar na internet? Está preparado para assumir as consequências?

Apesar de se dizer contra aos ataques a outras religiões, o pastor Tupirani alegou que não tem como impedir as atitudes dos fiéis que frequentam a Igreja Geração de Jesus Cristo.

— Os membros da minha igreja não têm que seguir o que eu penso. Todos eles são responsáveis por seus atos — defendeu-se.

O pastor acha pouco provável que a Justiça conseguirá provar que Afonso Henrique, em seu vídeo, cometeu crime de intolerância religiosa:

— Se ele for chamado para depor por causa desse vídeo, a polícia terá que ouvir também outras milhares de pessoas que colocam outros tipos de vídeos na internet. Estamos preparados para dar apoio jurídico a ele.


Enviado por Marcelo Gomes -
18.6.2009
| 1h14m

Intolerância religiosa: polícia abre inquérito

Afonso Henrique Alves Lobato. Foto de reproduçãoA Polícia Civil vai instaurar inquérito contra Afonso Henrique Alves Lobato, de 25 anos, para investigar a prática dos crimes de intolerância religiosa, injúria qualificada e incitação ao crime. Seguidor da igreja Geração Jesus Cristo, ele postou em março deste ano, no YouTube (página de vídeos gratuitos na internet), um vídeo em que faz afirmações como “centro espírita é lugar de invocação do diabo”; “todo pai de santo é homossexual”; “a Bíblia diz que (...) a adoração por imagens e esculturas é abominação, então eu repudio aquelas imagens também”.

Afonso foi preso em 2 de junho do ano passado, com outros três seguidores da mesma igreja, após invadir e depredar o Centro Espírita Cruz Oxalá, no Catete. Na ocasião, cerca de 50 imagens de santos foram quebradas. Os quatro foram levados por policiais do 2º BPM (Botafogo) à 9ª DP (Catete) e autuados por impedimento a culto. Como o crime tem menor potencial ofensivo, o caso foi para o Juizado Especial Criminal, que os condenou ao pagamento de cestas básicas.

Cerca de 50 imagens de santos num centro espírita foram destruídas por Afonso e mais três seguidores da igreja Geração Jesus Cristo.

Por determinação do delegado Henrique Pessoa, do Departamento de Polícia da Capital (DPC), o inquérito vai ser aberto na Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI).

— Desta vez, será aberto um inquérito pelo crime de intolerância religiosa, previsto na Lei Caó. A pena varia de dois a cinco anos de detenção. Vamos tentar pedir a prisão desse rapaz. No vídeo, ele demonstra que não tem qualquer respeito à lei e às autoridades constituídas. Pessoas assim são de extrema periculosidade — afirmou Pessoa.

O delegado foi comunicado da existência do vídeo pela Comissão de Combate à Intolerância Religiosa.

— Esse tipo de atitude é um risco à democracia, que garante a liberdade de religião — disse Ivanir dos Santos, membro da comissão.

Por meio do pastor da sua igreja, Afonso disse que tudo o que ele tinha a dizer sobre o caso está no vídeo.

Condenado por ataque a centro espírita publica vídeo no YouTube

Afonso Henrique Alves Lobato no vídeo postado no YouTube. Foto: Reprodução da internet

Quase um ano após o ataque ao Centro Espírita Cruz de Oxalá, no Catete, um dos condenados pelo crime, Afonso Henrique Alves Lobato, postou no YouTube um vídeo de nove minutos em que dá sua versão para a depredação do templo, ataca os espíritas e umbandistas, desdenha da ação da polícia e da Justiça e acusa a imprensa de servir ao Diabo.

No vídeo, Afonso Henrique — que respondeu pelo crime de ultraje a culto e foi condenado a pagar cestas básicas e prestar serviços comunitários — assume ter destruído, junto com outros integrantes da Igreja Geração de Jesus Cristo, a qual pertence, as imagens do centro espírita, mas diz que os fatos foram distorcidos. "Como todos sabem, um centro espírita é um lugar de invocação ao Diabo, um lugar onde as pessoas vão estar adorando o Satanás, onde vão estar levando suas oferendas, cigarro, cachaça, farofa, essas coisas podres, essas palhaçadas, que esses servos do Diabo insistem em fazer, então nós começamos a estar expondo a verdade", diz ele, que diz o que viu dentro do templo: "Eles abriram a porta pra mim, então eu subi e subindo o que eu vi lá: um monte de imagens e esculturas, vi um pai-de-santo, um homossexual, claro porque todos os pai-de-santos são homossexuais, vi pessoas lá oprimidas se preparando para aquele culto do Diabo e nisso comecei a perguntar pra eles: "Cadê o Diabo? Cadê o Tranca-Rua? Cadê a Maria Mulambo? Cadê esses demônios que vocês estão oferecendo aqui, essas imundices? Onde estão eles para que a gente possa pisar na cabeça deles e provar que Jesus Cristo é maior, é soberano?".

Logo a seguir, Afonso Henrique ataca a polícia e a Justiça: "Então nós fomos até a delegacia e chegando na delegacia é aquela palhaçada de sempre, aqueles policiais militares, não sabem nem as leis que eles dizem servir, aqueles policiais civis completamente ignorantes também, pensam que são autoridade, mas não são autoridade, para a Igreja eles não são autoridade ", diz ele, continuando: "eles falaram que nós iríamos comparecer no juizado em tal data e nisso, os policiais militares, corruptos como sempre, caras de pau, já chamaram a imprensa com quem eles são mancomunados, tanto a imprensa quanto os policiais militares servem ao mesmo deus, que é o Diabo".

Afonso Henrique também envolve a imprensa numa suposta adoração ao Diabo: "No dia seguinte, a Rede Globo (veio) fazendo uma grande confusão em cima daquilo ali, distorcendo completamente, dizendo que nós agredimos pessoas, publicando na capa do EXTRA, na capa do jornal "O Globo", uma série de repórteres lá da emissora deles, dizendo que nós praticamos esse crime, colocando isso como uma coisa horrenda. Na verdade o que aconteceu é que a Globo também é uma emissora completamente dominada pelo Diabo, onde há uma série de espíritas, dezenas de macumbeiros lá dentro".


Religiosos apoiam templo cigano depredado na Freguesia

Faixa de protesto no templo cigano Tsara Antal Kóczé, em Jacarepaguá. Foto: Eurico Dantas / Extra

Com música e dança, líderes religiosos protestaram esta tarde contra a invasão do templo cigano Tsara Antal Kóczé em Jacarepaguá. O ministro da Igualdade Racial, Edson Santos, e integrantes da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa participaram da manifestação.

O santuário dedicado a Santa Sara Kali, na Freguesia, foi invadido quinta-feira e teve imagens quebradas. Elas foram repostas com doações de comerciantes do Mercadão de Madureira.

Ivanir dos Santos, interlocutor da comissão, acredita que o caso deve ser punido de forma exemplar:

— Todos os líderes estão indignados. Desta vez, pelo menos o delegado conseguiu enquadrar o caso na Lei Caó — que prevê pena de cinco anos de prisão. Um ato como esse é muito ruim para a democracia — disse Ivanir.


Pesquisador apresentará mapa dos terreiros do Rio

Coordenador de campo da pesquisa que mapeou as casas de religião de matriz africana no Rio, o cientista social Adailton Moreira Costa vai apresentar o trabalho no Terreiro Ile Omiojuaro, Casa de Mãe Beata de Iyemoja, neste domingo às 15h. A apresentação é aberta ao público. A casa-de-santo fica na Rua Francisco Antonio Nascimento 42, Miguel Couto, Nova Iguaçu. “Através desta pesquisa será possível apresentar dados concretos sobre quantidade e localização das casas, a fim de não mais limitar as informações acerca das religiões de tradição afro-brasileira àquelas divulgadas pelos órgãos públicos, que bem sabemos, são baseadas em dados estatísticos que não expressam a realidade, visto que as religiões de matriz africana não constam do rol de religiões dos formulários censitários, sendo enquadrada no campo “outros”, o que certamente contribui para a nossa invisibilidade sócio-política”, explicou o cientista, em carta distribuída a lideranças religiosas.


religiosos farão manifestação contra ataque

Foto: Eurico Dantas. Imagem de Nossa Senhora Aparecida foi pisoteada por invasores

Veja o vídeo

Lideranças religiosas de diversas crenças estão organizando uma manifestação neste domingo, às 10h, na Estrada do Gabinal 1799, Jacarepaguá, contra a depredação do templo religioso Tsara Antal Kóczé, santuário cigano dedicado a Santa Sara Kali.

Foto: Eurico Dantas. Imagem de Santa Sara foi quebrada e parte do rosto arrancada

O dirigente da casa, Pai Joelmir de Oxóssi, de 46 anos, 26 deles dedicados à religião, descobriu que sua casa tinha sido invadida quinta-feira, quando chegou ao local para preparar as flores para o ritual que se realiza toda semana no templo. No altar, viu a imagem de Nossa Senhora Aparecida, uma relíquia de família em porcelana de mais de 40 anos, destruída e pisoteada. Segundo Joelmir, a santa é padroeira da comunidade cigana no Brasil. Todos os ciganos do altar foram derrubados, muitos quebrados. E a imagem de Santa Sara Kali estava partida ao meio e com parte do rosto arrancada. Descendente de uma família cigana, o religioso - que já atua na umbanda - abriu o centro dedicado a Santa Sara há um mês.

Como nada de valor foi roubado, Pai Joelmir ligou para membros da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa. O caso foi registrado dentro da Lei Caó, que prevê pena de até cinco anos de prisão na 32ª DP (Jacarepaguá). Vizinhos contam ter ouvido barulho durante a noite e que estranharam, já que as reuniões da casa são silenciosas. Por ser um templo de inspiração na cultura cigana, não são usados atabaques e os tratamentos espirituais são realizados com imantação, cristais entre outras técnicas.

Foto: Eurico Dantas. Pai Renato de Obaluayé mostra janela do templo quebrada por vândalos

- Quando cheguei, senti um odor forte. Urinaram no altar sagrado, pisotearam Nossa Senhora Aparecida. É um absurdo a propaganda de seguidores de algumas igrejas que dizem que as imagens são diabólicas e devem ser destruídas. O vandalismo é fruto disso. A imagem é uma representação, como uma foto. Alguém destrói a foto da própria mãe? - indaga Pai Renato de Obaluayé, que doará uma nova imagem à casa.

- Nós somos resistentes. Nossa cultura atravessou obstáculos muito maiores do que esse - afirma Mãe Mirian de Oyá, que também foi ao templo para manifestar solidariedade.

Publicada em 20/06/2009 às 01:11

Justiça manda prender pastor e jovem que atacaram umbandistas

Sérgio Meirelles - Extra

O pastor Tupirani chegou a defender o fiel Afonso Lobato, que debochou de umbandistas - Foto: Gustavo Azeredo / Extra

RIO - As primeiras prisões no país por crime de intolerância religiosa ocorreram no Rio. Afonso Henrique Alves Lobato, de 26 anos, e Tupirani da Hora Lores, de 43, membro e pastor, respectivamente, da Igreja Geração Jesus Cristo, localizada no Morro do Pinto, Zona Portuária do Rio, foram presos nesta sexta-feira por policiais da Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI). A juíza Maria Elisa Peixoto Lubanco, da 20 Vara Criminal, decretou a prisão preventiva dos dois acusados ( assista às imagens da prisão ) .

Tupirani e Afonso Henrique vão responder pelos crimes de intolerância religiosa, injúria qualificada e incitação ao crime. Segundo a delegada Helen Sardenberg, da DRCI, o artigo 20 da lei 7.437, de 1985 - mais conhecida como Lei Caó, que cria sanções para o preconceito contra raça, cor e religião. O crime tem uma pena prevista que vai de dois a cinco anos de prisão. O delito é inafiançável, ou seja, o acusado tem de aguardar o julgamento na prisão ( assista ao vídeo em que o pastor Tupirani defende Afonso Lobato ).

Em março deste ano, com o consentimento do pastor Tupirani, Afonso Henrique divulgou na internet um vídeo em que faz ofensas às religiões afro-brasileiras, às polícias Civil e Militar e à imprensa. No mesmo vídeo, Afonso Henrique diz que todo pai-de-santo é homossexual. O jovem e outros três seguidores da Igreja Geração Jesus Cristo invadiram e depredaram, em junho do ano passado, o Centro Espírita Cruz de Oxalá, no Catete. Os quatro foram presos e condenados a pagar cestas básicas.

Em entrevista ao EXTRA, o pastor Tupirani apoiou a iniciativa de Afonso Henrique em divulgar o vídeo, alegando que o jovem tinha direito à liberdade de expressão. O pastor também postou um vídeo na internet dizendo-se contrário às leis dos homens e desafiando as polícias e as Forças Armadas.

EXU - O Guardião

EXU PARA JORGE AMADO

NÃO SOU PRETO, BRANCO OU VERMELHO

TENHO AS CORES E FORMAS QUE QUISER.

NÃO SOU DIABO NEM SANTO, SOU EXU!

MANDO E DESMANDO,

TRAÇO E RISCO

FAÇO E DESFAÇO.

ESTOU E NÃO VOU

TIRO E NÃO DOU.

SOU EXU.

PASSO E CRUZO

TRAÇO, MISTURO E ARRASTO O PÉ

SOU REBOLIÇO E ALEGRIA

RODO, TIRO E BOTO,

JOGO E FAÇO FÉ.

SOU NUVEM, VENTO E POEIRA

QUANDO QUERO, HOMEM E MULHER

SOU DAS PRAIAS, E DA MARÉ.

OCUPO TODOS OS CANTOS.

SOU MENINO, AVÔ, MALUCO ATÉ

POSSO SER JOÃO, MARIA OU JOSÉ

SOU O PONTO DO CRUZAMENTO.

DURMO ACORDADO E RONCO FALANDO

CORRO, GRITO E PULO

FAÇO FILHO ASSOBIANDO

SOU ARGAMASSA

DE SONHO CARNE E AREIA.

SOU A GENTE SEM BANDEIRA,

O ESPETO, MEU BASTÃO.

O ASSENTO? O VENTO!..

SOU DO MUNDO,NEM DO CAMPO

NEM DA CIDADE,

NÃO TENHO IDADE.

RECEBO E RESPONDO PELAS PONTAS,

PELOS CHIFRES DA NAÇÃO

SOU EXU.

SOU AGITO, VIDA, AÇÃO

SOU OS CORNOS DA LUA NOVA

A BARRIGA DA RUA CHEIA!...

QUER MAIS? NÃO DOU,

NÃO TOU MAIS AQUI.

Salvador, 17 de maio de 1993

Mario Cravo

Exu

Comemoração no dia 13-06-08

1ª Parte:

0s guardiões do terreiro, Entidades de segurança nos Templos de Umbanda

Temos que começar a mudar nossos conceitos de Exú e Pomba Gira. Vamos a partir de agora ver o Exú e a Pomba Gira como aquela polícia que guarda e toma conta das ruas obedecendo sempre uma hierarquia de comando, que é o Exú chefe do Terreiro, e acima dele os guias chefes da Casa. Podemos também ver os Exús como aqueles lixeiros alegres que passam pelas ruas recolhendo toda a “sujeira”. Vêm com brincadeiras e algazarras, mas fazem um trabalho enorme em benefício da sociedade, que diga-se de passagem é muito pouco reconhecido. E as Pomba-giras seriam as “margaridas” mulheres que trabalham também na limpeza de nossas ruas e nossa cidade, exercendo a sua profissão com presteza e determinação. Assim como devemos ter um conceito mais respeitoso do Exú, devemos também dedicar mais respeito aos trabalhos das Pombas Giras, deixando de encará-las como mulheres vulgares e da vida, que só vêm “para arranjar casamento” ou o que é pior, para desfazer casamentos... Isto é uma coisa absurda e vulgar... O trabalho da Pomba Gira é sério. É também um trabalho de descarrego, de limpeza, de união entre as pessoas. De abertura dos caminhos da vida, seja do ponto de vista material, mental ou espiritual.

O que é esse lixo?

Nossos pensamentos negativos.

Nossa sociedade desigual, perversa e preconceituosa.

Nossas ações.

Nossas emoções negativa se sobrepondo a nossa capacidade de amar.

Por isso devemos respeitar ao máximo o trabalho dos Exús, levando-os a sério e não os desrespeitando e nem os menosprezando.

Fonte: http://www.guia.heu.nom.br/exu_e_pombas_giras.htm

EXU - O Guardião

2ª parte:

Sabendo que a religião de Umbanda, segundo o Caboclo das Sete Encruzilhadas é “A manifestação do espírito para a prática da caridade”, qual a principal função desempenhada pelos Exús nos nossos Templos, Terreiros, Casas ou Centros?

Na Umbanda o Exú é uma Entidade (alma) que cuida da Segurança da casa e de seus médiuns. Todas as religiões tem entidades que cumprem esse papel. Um bom exemplo disso são as comunicações recebidas por Chico Xavier e Divaldo Franco mostram a existência desses espíritos trabalhando também no Plano Astral *.

A reunião de Exú ou Gira de Exu tem como finalidade descarregar os médiuns e os consulentes. Unindo suas energias eles são capazes de entrar em contato e orientar mais facilmente com almas que ainda não encontraram um caminho. Estas almas vivem entre os encarnados, prejudicando-os, obsidiando-os e até mesmo trazendo-lhes um desequilíbrio tão grande que são considerados loucos. Para este trabalho eles necessitam muito de nosso equilíbrio e de nossa energia. Nosso equilíbrio é utilizado por eles no momento em que as entidades sofredoras se manifestarem com ódio, rancor, raiva, para que tenhamos bons pensamentos e sentirmos verdadeiro amor e harmonia para que desta maneira as desarmemos e não as deixemos tomar conta da situação e, quem sabe, até as persuadir a mudarem de caminho libertando-se assim do encarnado ao qual está ligada; nossa energia é utilizada em casos em que estas almas estão sofrendo com o desencarne, tristes, com dores, humilhadas, desorientadas, assim eles transformam as nossas energias em fluidos balsâmicos que as ajudam, em muito, na sua recuperação. Muitas destas almas desorientadas não conseguem nem se aproximar dos Terreiros de Umbanda pois os Exús da Tronqueira ficam encarregados de fazerem uma triagem liberando a passagem apenas das almas que eles percebem já estarem prontas para o socorro **, ou seja, prontas para seguirem um novo caminho longe do encarnado ao qual estava apegada. Este trabalho de separação é feito por eles com muito empenho e seriedade e será muito melhor sucedido se o encarnado der continuidade ao mesmo, quando menos melhorando os seus pensamentos e se livrando da negatividade e do medo. Os Exús são almas que riem, fazem troça, mas não brincam em serviço. Por este motivo, gostaríamos que os médiuns tivessem por eles o maior respeito e consideração, pois são eles são os nossos guardiões e da Gira, reponsabilizando-se pela limpeza dos fluidos ou energias mais pesadas. Cada pessoa que entra em uma casa de Umbanda traz consigo seu saco de lixo cheio (são seus pensamentos, suas raivas, suas desilusões...) e são os Exús os trabalhadores encarregados de juntarem todos estes sacos para descarregar, dando a cada um de nós a oportunidade de diminuirmos o nosso lixo e facilitando nossas próximas limpezas. Cada vitória nossa é para estas Almas trabalhadoras um passo no caminho do desenvolvimento.

A saudação aos Exus: A saudação ao Exú é LARÓYÈ = salve, que também quer dizer salve compadre, boa noite “moça”. Exú é MOJUBÁ - Moju (Viver a noite) Bá (armar emboscadas) ou seja “armar emboscadas vivendo a noite”. Mas na Umbanda o trabalho dos Exús é o de guardião. Assim ao cumprimenta-lo estamos dizendo: Salve aquele que vive à noite e que arma emboscadas. Assim estamos reconhecendo seu poder e ao mesmo tempo estamos pedindo “Àquele que vive a noite, que nos livre das emboscadas”.

Cada médium que passa por esta Obrigação vai colaborar com eles acrescentando energia e equilíbrio ao trabalho que eles executam. É por este motivo que tantas vezes é falado que devemos ter cuidado com nossos pensamentos e pedidos, pois eles são energias. Os Exús precisam das nossas energias positivas para que possam desempenhar melhor o seu trabalho.

Nota: Os médiuns que vão fazer a obrigação de Exú devem permanecer em estado de seriedade, afastando-se de bebidas, festas, que neste caso exercem uma atração para as almas desorientadas. A função da obrigação de Exú é basicamente para fazer com que o Exú assuma no campo a função principal de guardião do médium, desde que este se comporte a altura de sua amizade e respeito.

Bebidas: Gostam muito de bebidas voláteis e o aguardente está entre elas ao qual dão o nome de malafo ou marafo, conhaque, cerveja e outras bebidas fortes. As Pomba-giras gostam de anis e champanhe. Não há necessidade de o médium ingerir a bebida, pois a mesma pode ficar num copo e o Exú ou Pomba-gira trabalhar com a sua energia utilizando o conteúdo astral da bebida.

Comidas: Os Exús e Pomba Gira gostam de farofa, dendê, cebola, pimenta, limão, semente de mamona, e as Pombas Giras de enfeites e adornos, sem contar que gostam muito se suas oferendas enfeitadas com Rosas Vermelhas.

Alguns Nomes de Pomba Gira: Pomba Gira do Cruzeiro, do Cais, da Calunga, do Cemitério, Padilha, Mulambo, Cigana, Ciganinha, da Calunga, Maria Bonita, Rosa Maria, Maria Rosa, Maria Rita, Rosa vermelha, Rosa do cruzeiro, Sete Véus, Sete cravos, da Encruza..

Alguns Nomes de Exú: Sete Encruzilhadas, Veludo, Caveira, Tranca Ruas, Caveirinha, Exú Campina, Exú do Cruzeiro, Calunga, do Lodo, Lalu, da Madrugada, da Meia Noite, Mangueira, Mulambo, Mulambinho, Malandro, Malandrinho, Gira Mundo, Tiriri, Marabô, Sete Capas, Cadeado, dos Rios, da Cachoeira, dos Ventos, da Praia, Quebra Galho, Sete Covas, Sete Catacumbas, Sete Luas, Sete Sombras, Três Punhais, Três Cruzes, Sete Chaves, Tranca Tudo, Tira Teima, Zé Pilintra e muitos outros.

Hierarquia dos Exús: Os Exús e Pomba-giras prestam obediência ao Chefe da Casa.

Exú Tronqueira: Não confundir o trabalho do Exú guardião com o trabalho do EXÚ TRONQUEIRA. O Exú Tronqueira é aquele que guarda o Terreiro e passa por uma triagem às pessoas que entram no Terreiro. Por isso a sua casa é colocada junto à porta de entrada e é a primeira a ser saudada. Todos devemos ter o máximo de respeito do Exú Tronqueira, pois se uma Gira corre bem e firme devemos agradecer principalmente a ele.

* http://www.guia.heu.nom.br/exu_e_pombas_giras.htm